Em seu segundo longa metragem como diretor, Selton Mello nos apresenta a história de Benjamin, o palhaço Pangaré do Circo Esperança. Indo além da conhecida dualidade entre o palhaço feliz no picadeiro e triste na vida, o filme emociona ao mostrar a trajetória de um rapaz em busca de sua identidade: literalmente, uma vez que o personagem possui apenas sua antiga e amassada certidão de nasciemnto; e filosoficamente, pois tem dúvidas quanto a sua vocação circense.
A relação do artista com seu pai, também palhaço, é distante; a interação entre eles parece ocorrer apenas durante os espetáculos. A proximidade que Benjamin manifesta com os demais integrantes da trupe supera as questões práticas dos acertos salariais e indumentárias para as apresentações, ela se desenvolve como em uma verdadeira família.
A veia cômica do filme, que ao contrário da sugestão do título não se trata de um humorístico, está na estranha obstinação de Benjamin em adquirir um ventilador (desejo que chega a provocar alucinações) e nas brilhantes participações especiais de consagrados nomes do humor nacional, como Moacyr Franco, Tonico Pereira e Jorge Loredo. Uma comédia inocente e lúdica como não víamos há tempos por aqui!
Obviamente, não pretendo revelar o final do filme, prefiro que os interessados descubram sozinhos; porém, não atrapalharei se disser que Benjamin encontra suas identidades, afinal "o gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço".
Ficha técnica
(O Palhaço) Brasil , 2011 - 88 minutos
Direção: Selton Mello
Roteiro: Selton Mello e Marcelo Vindicato
Elenco: Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta, Teuda Bara, Moacyr Franco, Tony Tonelada, Tonico Pereira, Danton Mello, Ferrugem