"Os novos estilos e formas abrem caminho não tanto e não somente a novas roupas, mas, sobretudo, a um novo modo de conceber a vida, a religião, a ética. (...) A metamorfose das roupas, mais do que um fazer, é um modo de estar no mundo, de se relacionar com a realidade."
CALANCA Daniela. História social da Moda
Minha formação no campo da História me aproxima cada vez mais de uma nova percepção da Moda: a moda como comportamento e expressão socio-cultural, tanto individual quanto coletiva. Através dos séculos, as vestimenttas já revelavam sua característica de distinção, seja social, etária ou religiosa; o sentido simbólico do vestir não se perdeu, ainda que hoje vivamos em uma sociedade na qual a "liberdade de escolha fashion" seja real.
Se nos séculos XVIII e XIX a decisão era pautada no status, uma vez que a roupa claramente indicaria a posição do indivíduo no mundo; até a metade do século XX, ela revelaria sua adequação às normas e condutas vigentes na sociedade. A partir dos anos cinquenta, o movimento de contra-cultura ganha espaço e, na década seguinte, o jovem entra em cena como ator principal da transformação/revolução cultural. A escolha do vestir esbarra nos princípios e nos ideais - nesse momento, a roupa precisa estar coerente com o posicionamento ideológico do indivíduo no mundo, refletir seu interior.
A herança de tais transformações nos acompanha até hoje: a multiplicidade de estilos ressalta a diversidade de pensamentos. Sendo assim, talvez a Moda seja o espaço mais democrático atualmente. Com "democrático" refiro-me às variadas possibilidades de vestir, à liberdade de escolha, à inexistência de uma correlação rígida entre moda e moral; no entanto, não ignoro a "ditadura" da magreza e à predileção pelos cabelos lisos observados em editoriais e semanas de moda. Meu ponto é a moda das ruas, a moda diária, a moda possível - aquela que nos permite mostrar ao mundo quem somos, um por um.