quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Onde fica a Terra do Nunca?

Logo nas primeiras páginas de O Pequeno Príncipe o menino desabafa sobre a exagerada racionalidade dos adultos, incapazes de compreender um simples desenho retratando uma jibóia que engolira um elefante.  O universo infantil é lúdico, leve e afastado das complexidades inventadas pelos mais velhos, tudo parece fácil e natural. Pena que ao longo do tempo todos crescemos e, na grande maioria, deixamos as fantasias guardadas no passado. Amadurecemos enquanto nossa criança interior adormece embalada por uma doce cantiga que raramente cessa, permitindo-a despertar. Não deveria ser assim! Eu não quero ser assim! Luto constantemente contra isso, pois sofro da “síndrome de Peter Pan”.

Os pequenos desconhecem o rancor e a vingança, seus medos são inocentes e suas mentiras normalmente se confundem com imaginação. Concordo com Rousseau, a sociedade corrompe o homem - para se defenderem, as crianças aprendem (e copiam) os mecanismos dos adultos e, com isso, deselegantes práticas sociais se perpetuam. Não afirmo que todos os seres humanos são iguais ou que o “dom” da razão seja negativo: a reflexão, quando bem exercitada, proporciona questionamentos interessantes, ações positivas e até conclusões acertadas.
Independente da idade, sempre haverá algo que poderemos aprender e ensinar, basta boa vontade e um voluntário. Dos adultos é o dever de explicar e orientar sobre a vida, mas mantendo ouvidos e coração disponíveis para se contaminarem com a esperança inerente às crianças. A elas cabem o carinho e a fé naqueles que conhecem um pouquinho mais sobre a realidade. Ah, como seria bom se houvesse equilíbrio!

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