terça-feira, 21 de junho de 2011

Era uma vez

Coisa estranha essa chamada vida! Algumas vezes, duvidamos dela; em outras, adquirimos uma inédita certeza. Curioso o ser chamado humano: matéria e espírito de diferentes naturezas que, juntos, formam algo incrível. Um limite quase invisível entre o óbvio e o complexo.

Uma história tem início em 31 de março de 1986. Na verdade, ela começa um pouco antes, em algum dia entre junho e julho de 1985, mas desconheço os detalhes. Nesse dia, o mundo provavelmente ganhara muitos novos habitantes – aqui, trataremos de um especificamente. Às 22:15, no Rio de Janeiro, nascia um diferente exemplar de arietino; talvez o segredo esteja no ascendente em Sagitário... Uma menina; seu nome, Caroline.

Caroline é o diminutivo de Carlos, significa pessoa forte e fazendeira – provavelmente uma alusão mal feita a Carlos Magnos, o imperador carolíngio. Por sobrenome tinha Schueler, do Alemão, aluno ou estudante. Um belo modo de batizar o filho: estudante forte! Nada disso, claro, foi feito premeditadamente; contudo, não se pode negar as indiscutíveis semelhanças com a personalidade da criança.

Não faltaram mimos e carinhos à pequena, que passava grande parte do tempo com os avós maternos – uma excelente explicação para diversas de suas manias, aprendidas com o avô Francisco (Francisco significa o francesinho, mas ele não era francês). Os dias eram regados a pratos de angu com carne moída, bolinhos de chuva e picolés de tangerina; as noites, a cenouras, abóboras e outras comidas menos gostosas.

Dizer que não tinha amigos é um exagero desmedido, no entanto as presenças infantis em casa não eram constantes. Ainda assim, é errôneo afirmar que ela não gostava que fosse exatamente assim. Não era uma questão de solidão ou timidez, mas apenas de conhecer a arte de ficar só. Essa marca ela nunca perdeu – gostava de ficar sozinha, mesmo que nem sempre se considerasse uma boa companhia.

O tempo passou e hoje, todas as noites antes de dormir, ela ouve seus pensamentos ruidosos ecoando pelo quarto. Eles choram de saudade por um “eu” que não voltará. Foram dias e horas de uma menina que não mais existe. Seus olhos, dizem, mostravam mais do que as folhas secas de outono; entretanto, vida levou consigo um pouco mais dessa criança. Apenas a noite é capaz de resgatar o passado colorido de gargalhadas, pois as lembranças que invadem os sonhos remontam aos pulos e às danças da infância.

Quando as luzes se apagam, é só a memória que sobra. Na penúria, cada brilho é menos que um lampejo de razão.

Um comentário:

  1. Mas que texto triste, minha amiga. A gente muda. É assim mesmo. Melhor que saudosismo da infância é o desafio de encontrar o que é melhor no presente. Pensar todos os dias "o que tenho de melhor hoje do que ano passado? O que tenho de melhor hoje do que na década passada?" Por exemplo, na sua infância você não tinha o Leo. E estou certa que ele é uma parte feliz do sue presente. Beijos e vá em frente com o desafio. :D

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