Comportamento humano: Metrô

Desde de criança manifesto curiosidade por assuntos pitorescos, tal tendência me levou a estar em constante observação das pessoas. Essa atividade, a longo prazo, pode ser bastante útil na compreensão do ser humano; a curto prazo, é capaz de provocar calorosas gargalhadas. Sendo assim, decidi inaugurar uma seção sobre o “comportamento humano” aqui no blog, na qual pretendo discorrer sobre aspectos percebidos por mim no vai e vem diário da minha vidinha. Primeiro tema: metrô.

Uma das maneiras mais eficazes de unificação social é o transporte público, sobretudo o metrô: nele, todos somos iguais! Embora haja as linhas 1 e 2 separando a zona norte da zona sul (no Rio de Janeiro), os passageiros experimentam juntos o calor, a demora da espera, o empurra-empurra. Advogados dividem espaço com vendedores ambulantes enquanto idosos voltam do médico e alunos vão à escola. No entanto, não tenho a ilusão de acreditar que muitos partilhem comigo dessa boa impressão; afinal, sempre existirão aqueles contra a expansão ligando outros pontos da cidade.

Interessante notar como laços de amizade são criados pelo metrô! O fato de estar todos os dias no mesmo horário na plataforma estabelece vínculos entre as pessoas: um olá despretensioso transforma-se num novo amigo no facebook.Também as inimizades podem surgir a cada vez que um pé é pisado, um empurrão é dado ou que não lhe dão licença para passar. De fato, todos preferíamos que a educação prevalecesse mesmo no vagão lotado (e eu realmente acredito que seja possível)...

As regras de boa convivência são reais, ainda que não usadas com freqüência. Se cada um de nós lançasse mão de pelo menos uma delas por dia, certamente teríamos viagens de ida e volta mais agradáveis e menos conturbadas – os bancos laranjas (e azuis nos novos carros) são preferenciais para idosos, gestantes, pessoas com crianças de colo e deficientes físicos; porém, não significa que, no caso de você não integrar nenhum desses grupos, não possa nesses lugares sentar. Lembrando que não há nada de absurdo em levantar para ceder seu assento “comum” se alguém precisar. São as pequenas atitudes que demonstram nosso comprometimento.

No metrô, partilhamos histórias, experiências, jornais e revistas (algumas pessoas dividem até a música que ouvem no MP3!). Ele aproxima as distâncias, encurtando o tempo que levaríamos para atingir nosso destino; facilita o deslocamento nos dias de chuva; proporciona cenas realmente inusitadas, para o bem e para o mal. Enfim, é um excelente lugar para aprender, ainda que superficialmente, sobre os seres chamados humanos.